segunda-feira, 18 de abril de 2011

Como Reduzir os impactos do Turismo em Bonito- MS
A cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, não poderia ter um nome mais apropriado. Conhecida como o paraíso das águas, nos anos 90 se transformou em uma verdadeira febre para os praticantes do turismo de aventura. O destino oferece rapel, mergulho, trekking, cavalgada, motocross, rafting… Se a ideia é só descansar, você pode desistir de tudo e olhar para o entorno. Vale igualmente a pena.
Com dezenas de atrações (cada uma mais irresistível que a outra), é acirrada a disputa para eleger o melhor programa da região. Mas os aquários naturais de Bonito estão, sem dúvida, entre os primeiros da lista. Trata-se de grandes piscinões com águas cristalinas. A paisagem no fundo do rio é única. E os visitantes têm contatos com os mais variados peixes, moluscos, larvas, plantas.
Estima-se que mais de 70 mil pessoas visitam Bonito todos os anos. É muito, para uma cidade com menos de 20 mil habitantes. Para reduzir o impacto ao meio ambiente, pede-se aos visitantes que flutuem pelos aquários naturais. Eles usam roupas de neoprene e snorkel, como se estivessem mergulhando no oceano. Os cuidados, porém, não são suficientes para garantir a segurança da biodiversidade do fundo dos rios, segundo uma pesquisa recém concluída da Universidade Federal da Grande Dourados.
Além de terra, pedra e lodo, o solo do fundo dos rios abriga milhares de pequenos animais chamados macroinvertebrados. São bichinhos visíveis a olho nu, como moluscos e larvas de insetos. A presença (ou ausência) dos macroinvertebrados nos rios pode ser usada como um bioindicador de como anda a qualidade de vida por aquelas bandas. Foi justamente assim que a pesquisadora Suzana Cunha Escarpinati mediu o impacto do turismo na bacia hidrográfica do Rio Formoso, entre 2008 e 2010, em Bonito.
Suzana comparou áreas com e sem visitação. E concluiu o que muitos já desconfiavam: o número de exemplares desses animais é menor nas áreas por onde os visitantes circulam. O principal culpado pela perda dos macroinvertebrados, segundo o estudo, é o pisoteamento dos turistas. Mesmo com roupas especais e outros cuidados, as pessoas acabam colocando os pés no fundo no rio. O movimento da natação ainda desloca os sedimentos do solo – e arrasta os bichinhos córrego abaixo.
Um possível caminho para reduzir o impacto dos turistas é isolar as áreas de visitação. Os próprios donos de pousadas e hotéis podem fazer isto, colocando troncos e galhos caídos imediatamente abaixo das regiões mais movimentadas. “Esta medida ajuda a diferenciar o hábitat e reter os macroinvertebrados, folhas e pequenos galhos carreados”, afirma Suzana. “Os trechos não visitados funcionariam como áreas de compensação ecológica, espécies de corredores e trampolins para a fauna, integrando os visitados e não visitados ao longo do rio”.
A pesquisa é um dos projetos já apoiados pela Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. A organização já investigou a vida dos cachorros-vinagre do Cerrado, mapeou a conservação dos tracajás da Amazônia e alertou para os perigos da poluição sonora aos golfinhos marinhos.
Você conhece a região de Bonito? Já flutuou pelos aquários naturais?
(Aline Ribeiro)

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